Em janeiro, a Divisão do pós-venda automóvel da ACAP, DPAI/ACAP, constituiu a Comissão Especializada de Pós-venda de Máquinas e Tratores Agrícolas da ACAP, com o objetivo de acompanhar o estado do mercado e assuntos com impacto no negócio, assim como, de manter o setor informado e incentivar a adoção de boas práticas. Conversámos com os elementos responsáveis pela criação da Comissão e que a compõem e a mensagem é unânime: alargar a Comissão a todos os que quiserem integrá-la e acelerar a profissionalização do setor.
A primeira reunião da Comissão Especializada de Pós-Venda de Máquinas e Tratores Agrícolas – fundada em janeiro deste ano – teve lugar na Sede da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), em Belém. Presentes estiveram a Coordenadora da Comissão, Carla Limede (Benjamim Limede), e os demais membros que a compõem, David Simão (Agro 121), Marco Prata e António Prata (AFN Prata), Jesus Mota (Alfaidouro), João Correia (MJCP), e Pedro Figueiredo (Xerocar), bem como Alexandra Afonso, jurista da ACAP.
Os objetivos a curto prazo estão bem identificados: obter dados estatísticos que permitam avaliar o mercado; constituir um grupo reconhecido que possa dialogar e ser consultado pelo Governo sobre problemas ligados ao setor das máquinas agrícolas; e dar/receber formação sobre gestão dos concessionários. A ligação à ACAP também é vista como fundamental. “Formar esta Comissão contando com o apoio da ACAP será o caminho mais viável. Precisamos de criar uma equipa com massa crítica por parte dos concessionários das várias marcas. Gostávamos que todos aderissem e se associassem à ACAP [para o fazer basta endereçar um email para mail@acap.pt ou ligar para o 213 035 300], pois ganharíamos capacidade coletiva de resolução de problemas”, explicou Carla Limede.
“Esta Comissão não é uma estrutura elitista”
O que se pretende com a criação desta Comissão?
Carla Limede – Detetámos a existência de algumas lacunas no setor que não estavam a ser colmatadas. Nomeadamente na questão da formação, na falta de interpretação a nível governamental sobre medidas e legislação. Além disso, precisamos de dados estatísticos das matrículas de equipamentos para além de tratores e reboques. Para ter uma ideia, nós não sabemos, por concelho, e no que toca a equipamentos pesados, por exemplo, quantas grades rápidas é que foram vendidas no ano passado. Precisamos dessa informação para fazer uma gestão de stock mais eficiente. Queremos ainda saber quanto é que fatura o setor. Dentro do nosso Código de Atividade Económica (CAE), 46610, estamos às escuras.
Jesus Mota – Temos de ser proativos e procurar informação que nos possa ser útil ao negócio. Estamos a falar de um setor que movimenta muito dinheiro e não existe essa noção em quem nos governa. Precisamos de informação, dados para analisar, de forma a podermos crescer.
Os primeiros trabalhos foram desenvolvidos junto da ACAP. A intenção desta Comissão é fazer-se ouvir também junto do Governo, IMT e outras entidades?
David Simão (DS) – Sim, até porque o que sentimos quando levamos junto dos órgãos governativos questões relacionadas com incentivos aos nossos clientes agricultores são medidas desajustadas com a realidade da indústria e que acabam, por essa razão, por não serem aplicadas.
E qual seria a melhor solução?
DS – O que é que precisamos de fazer melhor nas empresas? Orçamentos, projeções de stocks e de capacidade disponível para assistências, mas até hoje fazemos tudo na base do ‘achismo’. Daí a importância de já estarmos dentro da ACAP, que já tem meios, conhecimento e, sobretudo, o reconhecimento por parte das entidades que atribuem a credibilidade de que precisamos.
Que ações têm previstas para 2023, concretamente?
DS – Estamos no ano zero e queremos tentar juntar toda a massa crítica, por isso, agradecemos a presença da Revista abolsamia porque é importante chegarmos às pessoas e aos nossos colegas das outras marcas. A grande medida que precisamos já é, com a ajuda da ACAP, ter dados estatísticos porque ninguém faz nada sem dados. Este é um trabalho de base, muitas vezes invisível e muito pouco valorizado, toda a gente acha que devia ser uma coisa orgânica, mas tem de haver quem o faça.
Em relação aos outros concessionários, como é que eles se podem juntar e fazer parte da Comissão?
DS – Através de convite, desde o pequeno ao maior. Não privilegiamos a dimensão, mas sim a intenção em trabalhar connosco para profissionalizar o setor. Temos de dar esse passo. Se nivelarmos o setor por cima, de certeza que o reconhecimento será mais fácil e todos ganhamos com isso.